segunda-feira, 25 de outubro de 2010

TEXTO - INTERNET E INCLUSÃO SOCIAL

No início de 2009, favorecidos pela disponibilização de uma superbanda larga, milhares de jovens representantes da classe média brasileira aproveitaram para ampliar contatos e se divertir na Campus Party Brasil 2009. Também presentes, donos de lan houses espalhadas pelo Brasil reuniram-se para discutir formas de ampliar seus negócios e atender à crescente demanda das classes C e D por acesso à internet. De acordo com a Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital (Abcid), existem atualmente no Brasil cerca de 90 millan houses! Desde 2007, essas microempre­sas, muitas delas informais, são responsáveis por 49% dos acessos à internet, enquanto 40% são realizados em residências particulares. A importância das lan houses na região Nordeste do país é assustadora: elas respondem por cerca de 70% dos acessos online. E, de acordo com o último recen­seamento feito pela Abcid, 78% dos usuários entrevistados ganham até R$ 380,00 por mês.
Apesar de muitas pessoas imaginarem que as lan houses servem apenas para jovens adoles­centes da periferia participarem de torneios de jogos online, uma pesquisa etnográfica sobre a influência exerci da pelo uso das tecnologias digitais na população de baixa renda, realizada pela antropóloga e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro, Cada Barros, desmistificou essa crença. Segundo a pesquisa, já existe uma enorme familiari­dade dessa população com a vida digital, e a maioria dos acessos é realizada com o intuito de participar em redes sociais, salas de bate-papo, envio de e-mails e de currículos e como forma de se comunicar com familiares residentes em outras regiões ou municípios.
De acordo com os trabalhos coordenados pela antropóloga Carla Barros, entre as camadas populares, a tecnologia virtual auxilia a reforçar os vínculos entre as pessoas. Desse modo, o Orkut é utilizado como um meio eficaz para encontrar parentes que vivem em outras cidades ou Estados ou mesmo como uma forma de comunicação para falar com parentes que moram fora do país. A utilização do Orkut facilitou e ratificou o reconhecimento da comunidade e o seu papel social. Nesse sentido, é possível reconhecer que a rede social é o primeiro módulo para a pessoa entrar na vida digital, sendo, portanto, considerado uma espécie de porta de entrada para a internet.
Também foi possível diagnosticar que, durante o dia, as lan houses transformam-se no espaço de adolescentes interessados em games ou para realizar pesquisas escolareS. À noite, o público é mais velho e diversificado, e os interesses estendem-:se para o uso do Orkut, do YouTube, da busca por música em mp3 e para acessar e-mails e enviar documentos.
Como se pode perceber, as lan houses assumem um importante papel como difusoras da inclusão digital no Brasil, papel que deveria ser assumido pelo Estado brasileiro.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CENTROS DE INCLusAo DIGITAL. Site oficial: <http://abcid.com.br/site/>. Acesso em: 15 set. 2009. N OW!D I GITAL Business. Entrevista: Cada Barros e a revolução das lan homes nas periferias. Ideia 2. O - o blog do Digital Age. Disponível em: <http:// idgnow. uol.com.brlinternetlideia201 archive/200S/09/231 enttevista-carla-barros-e-a-revoluo-das-lan-houses-nas-periferiasl >. Acesso em: 10 maio 2010.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.  

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